Maravilhoso mundo novo, dotado de
todas suas potencialidades tecnológicas e de seus usos questionáveis. Sim,
porque uma vida sem questionamento é uma vida em vão. Justamente esse
questionamento é uma das molas alavancadoras das novidades, não podemos esquecer
ou ignorar o desenfreado consumismo e obsolescência. O ser humano desde o uso das primeiras
ferramentas de pedra sempre buscou o aprimoramento, a otimização, o menor
esforço, a lança ou flecha mais pontiaguda.
Matar com maestria e cavar com menos esforço. Acompanhando esse
raciocínio, vamos nos deparando com as versões de softwares, aplicativos, e
toda espécie de dispositivos modernos. O uso de toda essa exponencialidade
tecnológica é o que nos dá recurso para esse despretensioso artigo. A maneira
como nos comportamos, fascinados como mariposas, impressionados pelos
resultados e amedrontados pelas consequências, será o combustível
dessa dissertação.
Era de hábito antigo, num passado
bem recente, as mães substituírem o acolhimento materno da
amamentação por bicos de mamadeira ou chupetas. Traçamos esse paralelo
verificando que somos animais de carência afetiva interminável e insaciável. A
nova chupeta cibernética pode ser a internet. A emulação do peito, da lactação na sua função nutricional e ou erótica. A repetição desse movimento carente dentro da
virtualidade se faz com força tão impressionante, que nos leva a redefinir o
termo “Virtualidade” O que não existe como realidade, mas sim como potência ou
faculdade. Negar a existência do ser, da
potência, e da vontade dentro do universo dito virtual, é um erro que precisa
ser corrigido. Não digo que isso esteja sendo feito por ignorância, mas por
desatualização nos espaços, de entendimento das realidades. O potencial real
dentro da emulação virtual tomou um corpo vivente, uma consciência pulsante e
pensante. Os chamados grupos, tribos, comunidades.
A portabilidade do mundo virtual
é mais um indicio que devemos tratar esse tema com uma visão reformulada. No
bolso, no rosto ou nas mãos, estão todo um universo, conhecimento, afetos,
realizações e frustrações. Geramos renda e prejuízos, agradamos, somos
desagradáveis, nos exibimos e somos exibidos. Criamos uma necessidade por
curtidas, compartilhamentos. Queremos que nossas visões pessoais prevaleçam
sobre as demais. Damos asas a nossas paranóias possessivas e também carinho e
acolhimento digital, um afago criptografado, um beijo binário. Parafraseando e
adaptando o poeta Renato Russo, e quem um dia irá dizer que não existe razão
nas coisas feitas pela equação.
Manoel Pacífico
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